Pelo Comité Editorial Blog Ividador

Fertilidade e testosterona

Fertilidade masculina e testosterona: entende a relação

A testosterona é uma hormona produzida nos testículos, fundamental no processo de produção e amadurecimento dos espermatozoides, a espermatogénese. A fertilidade masculina está relacionada, entre outros motivos, com a eficácia do processo de espermatogénese. A qualidade da produção e amadurecimento dos espermatozoides é medida pelo número de espermatozoides produzidos diariamente. Durante a puberdade e a […]

A testosterona é uma hormona produzida nos testículos, fundamental no processo de produção e amadurecimento dos espermatozoides, a espermatogénese. A fertilidade masculina está relacionada, entre outros motivos, com a eficácia do processo de espermatogénese.

A qualidade da produção e amadurecimento dos espermatozoides é medida pelo número de espermatozoides produzidos diariamente. Durante a puberdade e a vida adulta do homem, a espermatogénese encontra-se vulnerável a perturbações que possam advir da exposição a agentes tóxicos ambientais e aos efeitos adversos resultantes do estilo de vida adotado. A espermatogénese inicia-se por volta dos 13 anos de idade e acontece de forma contínua durante a vida adulta do homem, diminuindo acentuadamente na velhice. A testosterona e fertilidade masculina estão intrinsecamente ligadas neste processo que é a base da fertilidade masculina e como tal, absolutamente necessário para o correto funcionamento da função reprodutora no homem.

 

Baixos níveis de testosterona

Aos baixos níveis de testosterona associados a uma deficiência de produção de espermatozoides chama-se hipogonadismo. O hipogonadismo pode ser resultado de uma doença dos testículos (hipogonadismo primário) ou do eixo hipotalâmico-hipofisário (hipogonadismo secundário).

Em ambos os casos, esta condição pode ser congénita ou pode ser desenvolvida ao longo da vida devido ao envelhecimento, como resultado de uma doença ou da utilização de determinados fármacos, ou outros fatores.

Em homens adultos, a deficiência de testosterona pode manifestar-se de formas muito diversas, dependendo do grau e duração da deficiência. Alguns dos sinais mais frequentes são a disfunção erétil, a redução da libido, distúrbios do sono e alterações do humor, como depressão. Adicionalmente, a deficiência de testosterona pode aumentar o risco de doença coronariana e cancro da próstata.

 

Infertilidade e hipogonadismo

A infertilidade masculina pode ter várias causas não relacionadas com o hipogonadismo. Algumas das causas mais comuns no homem para além de problemas na produção ou qualidade do sémen e problemas de ereção, são situações anómalas nas vias urinárias, obesidade extrema e alterações do trato genital.

Hoje em dia, a maioria dos casos de infertilidade em homens estão associados a uma baixa contagem de espermatozoides. Embora este não seja o único critério que permite avaliar a fertilidade masculina, desempenha um papel fundamental. Outros critérios a considerar são a mobilidade, a penetração, a morfologia e a viabilidade dos espermatozoides. É importante notar que a infertilidade de alguns homens não está relacionada apenas com a contagem de espermatozoides.

Quando a infertilidade decorre de uma situação de hipogonadismo primário (doença dos testículos) não é possível realizar um tratamento hormonal. No entanto, em alguns casos, homens com hipogonadismo primário produzem espermatozoides intratesticulares. Isto significa que, embora não se possam reproduzir de forma natural, é possível recolher estes espermatozoides intratesticulares por meio de técnicas microcirúrgicas e utilizar estes espermatozoides para fertilizar óvulos através de técnicas de reprodução assistida.

Nos casos em que a deficiência de testosterona decorre de hipogonadismo secundário é possível realizar um tratamento de reposição através de hormonas gonadotrofinas.

 

Aumentar a testosterona

Quando a queda de testosterona está relacionada com a idade ou com o estilo de vida, é possível combater os sintomas como a falta de apetite sexual, a depressão ou os problemas de concentração e de memória com mudanças comportamentais.

Um dos principais motivos que podem provocar uma descida dos níveis de testosterona e contribuir para problemas de fertilidade é o excesso de peso. Alguns estudos realizados demonstram que homens que perderam peso, aumentaram a contagem de espermatozoides numa relação de 3,1 quilos de peso perdido para um acréscimo de 1 milhão de espermatozoides por ejaculação.

Como tal, para combater o excesso de peso é necessário ter uma alimentação cuidada e praticar exercício físico. A falta de exercício físico está associada a uma queda na contagem de espermatozoides, o que diminui a fertilidade masculina. Adicionalmente provoca uma má circulação sanguínea e linfática na área pélvica, o que implica que a próstata não recebe a quantidade suficiente de oxigénio necessária.  Alguns alimentos são associados à promoção da produção de testosterona, tais como as ostras, os ovos, a carne de vaca, o alho e os brócolos.

Além de uma dieta equilibrada é recomendada a ingestão moderada de álcool ou não beber álcool por completo. O consumo de álcool interfere com as funções normais do sistema reprodutor masculino. As células de Leydig, responsáveis pela produção de testosterona, e as células de Sertoli, dedicadas à maturação do esperma (ambas presentes nos testículos), podem ser afetadas pelo álcool. De facto, diversos estudos sugerem que o consumo excessivo de álcool reduz os níveis de testosterona no sangue.

Importância do estilo de vida

Outra alteração do estilo de vida que pode ajudar a aumentar os níveis de testosterona é a introdução de zinco na alimentação. O zinco é o mineral mais importante para a função reprodutora do homem. É um nutriente crucial para a produção de espermatozoides saudáveis. Está presente em vários aspetos da função reprodutora, desde o desenvolvimento testicular, à produção de testosterona e de espermatozoides. Também desempenha um papel relevante no que diz respeito à produção da quantidade normal de espermatozoides e à sua mobilidade.

Os altos níveis de stress também contribuem para os baixos níveis de testosterona relacionados com o estilo de vida. Quando um homem apresenta elevados níveis de stress, o corpo liberta cortisol, uma hormona que bloqueia os efeitos da testosterona. Práticas como a meditação e o ioga podem ajudar a reduzir o stress, bem como dormir e descansar bem.

Por último, a estimulação sexual pode ajudar a melhorar os níveis de testosterona. De facto, a ereção eleva os níveis desta hormona. Por outro lado, quando um homem não se sente sexualmente excitado durante longos períodos de tempo, os níveis de testosterona no sangue diminuem e será cada vez mais difícil sentir-se sexualmente estimulado.

Em suma

A testosterona desempenha um papel extremamente relevante na sexualidade e fertilidade masculina. Além disso, esta hormona cumpre outras funções importantes, tais como ajudar a preservar a densidade óssea, os níveis de glóbulos vermelhos no sangue e a sensação de bem-estar. Quando a queda dos níveis de testosterona leva à falta de desejo sexual no homem, um médico pode receitar a administração de testosterona suplementar sob a forma de injeção, ou através da aplicação de um adesivo, ou gel na pele. O hipogonadismo, ou seja, a  baixa testosterona no sangue, pode ser medido através de um simples exame laboratorial ao sangue.

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