Pelo Comité Editorial Blog Ividador

qualidade do sémen

Tabaco e álcool: afetam a qualidade do sémen?

O consumo de tabaco e o consumo excessivo de álcool são causas conhecidas de vários problemas de saúde. Mas já pensaste no impacto que podem ter na qualidade do sémen? Estás a pensar em ter um filho, ou em doar esperma e gostarias de saber se existe uma relação causa-efeito entre o consumo de tabaco […]

O consumo de tabaco e o consumo excessivo de álcool são causas conhecidas de vários problemas de saúde. Mas já pensaste no impacto que podem ter na qualidade do sémen?

Estás a pensar em ter um filho, ou em doar esperma e gostarias de saber se existe uma relação causa-efeito entre o consumo de tabaco e de álcool e a infertilidade? Nós ajudamos-te a saber um pouco mais.

 

INFERTILIDADE

A infertilidade é um problema cada vez mais comum. Define-se como a incapacidade de um casal conceber após 12 meses de relações sexuais regulares sem uso de qualquer método contracetivo e afeta cerca de 10-15% dos casais a nível mundial. O fator masculino responsável pela infertilidade corresponde a cerca de 50% dos casos na Europa Central e Oriental.

Em anos recentes verifica-se um aumento da infertilidade a nível global. Devido à sua proeminência na nossa sociedade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a infertilidade um problema de saúde pública. O seu crescimento pode ter origem em diversos fatores, e os hábitos de vida são frequentemente apontados como uma das principais causas. Hábitos como o consumo de tabaco e de álcool são fatores causadores de alterações na qualidade do sémen.

 

ESPERMATOGÉNESE

As alterações na qualidade do esperma podem ser medidas na espermatogénese, isto é, no processo de formação dos espermatozoides. Inicia-se por volta dos 13 anos de idade e acontece de forma contínua durante a vida adulta do homem, diminuindo acentuadamente na velhice. Este processo é a base da fertilidade masculina e como tal, absolutamente necessário para o correto funcionamento da função reprodutora no homem.

A eficácia do processo de espermatogénese, em determinado momento, é medida pelo número de espermatozoides produzidos diariamente. Durante a puberdade e a vida adulta do homem, a espermatogénese encontra-se vulnerável a perturbações que possam advir da exposição a agentes tóxicos ambientais e aos efeitos adversos resultantes do estilo de vida adotado.

 

CONSUMO DE TABACO

O consumo de tabaco tem uma elevada prevalência a nível mundial e é considerado um dos maiores desafios de saúde pública devido à mortalidade associada às complicações de saúde que provoca. De facto, estima-se que o tabaco seja responsável pela morte de um em cada 10 adultos no mundo inteiro. No entanto, embora os efeitos nefastos do tabaco sejam amplamente conhecidos e divulgados, o número de fumadores continua a aumentar em todo o mundo. Cerca de um terço da população com mais de 15 anos é fumadora. Como tal, é cada vez mais importante compreender o seu impacto no sistema reprodutor.

Desde que se iniciou, de forma sistemática, o estudo das implicações do fumo do tabaco, vários estudos vieram demonstrar que o tabaco afeta negativamente a espermatogénese e consequentemente, compromete a fertilidade masculina. A OMS, em 1984, aconselhou que fosse feito um registo de todos os homens fumadores com problemas de fertilidade identificados, pois considerou que existe uma relação entre o fumo de tabaco e uma baixa taxa de reprodução. A OMS estima que cerca de 47% dos homens em idade reprodutiva sejam fumadores. Em Portugal, cerca de 30% da população masculina fuma.

Desde os anos 80, diversos estudos realizados concluíram que o fumo do cigarro interfere com a normal constituição do fluido seminal e, consequentemente, com a qualidade do sémen. O tabagismo pode provocar alterações no volume e na densidade do esperma. Adicionalmente, a morfologia e mobilidade dos espermatozoides pode ser afetada pelo fumo do tabaco, que também é capaz de provocar alterações hormonais.

 

CONSUMO DE ÁLCOOL

Segundo dados da OMS, a Europa lidera o consumo mundial de álcool a nível mundial. Cada cidadão europeu consome uma média anual de 12,4 litros de bebidas alcoólicas (dados de 2000 a 2005).

Entre os países-membros da União Europeia, Portugal é um dos países com maior consumo de álcool e, consequentemente, com maior prevalência de problemas associados ao consumo de bebidas alcoólicas.

Como é amplamente conhecido, a ingestão não moderada de álcool acarreta graves consequências a nível da saúde. Estas consequências estão também presentes ao nível da qualidade do sémen. De uma forma geral, é do conhecimento do público a relação entre o consumo excessivo de álcool e disfunção sexual, sendo menos conhecidos os efeitos prejudiciais na produção de esperma.

O consumo de álcool interfere com as funções normais do sistema reprodutor masculino. As células de Leydig, responsáveis pela produção de testosterona, e as células de Sertoli, dedicadas à maturação do esperma (ambas presentes nos testículos), podem ser afetadas pelo álcool. De facto, diversos estudos sugerem que o consumo excessivo de álcool reduz os níveis de testosterona no sangue.

Existem ainda alguns estudos sobre o consumo prolongado e excessivo de álcool que apontam para consequências como a alteração dos parâmetros do sémen, a diminuição da produção de testosterona, a degeneração das células germinativas e a atrofia testicular.

 

ESTILO DE VIDA

O problema da infertilidade masculina está inevitavelmente associado à qualidade do sémen. A qualidade do esperma tem vindo a diminuir de forma sistemática nos países industrializados, sendo que a morfologia anormal do esperma e a baixa contagem de espermatozoides são referidas como as causas mais prováveis de cerca de metade dos casos de infertilidade diagnosticados.

Na base deste problema de saúde estão, frequentemente, os estilos de vida, incluindo  fatores como o consumo de álcool e de tabaco, mas também o consumo de cafeína, a dieta, e a obesidade. De uma forma geral, os hábitos nutricionais e o consumo de substâncias como a cafeína, o álcool ou o tabaco influenciam o bem-estar e a saúde, incluindo, a saúde reprodutiva. Desta forma, o declínio da qualidade do esperma é resultado de múltiplos fatores, não podendo ser alocado a apenas um hábito de vida. Esta tendência de queda da qualidade do sémen coincide com padrões alimentares e hábitos de estilo de vida característicos da sociedade atual.

Como referido anteriormente, vários estudos correlacionam o tabagismo com o decréscimo da fertilidade masculina, bem como os efeitos do consumo excessivo de álcool na diminuição da função reprodutiva masculina. Importa referir que em ambos os casos a quantidade e frequência de ingestão são fatores importantes, embora não seja possível determinar as quantidades limite de ingestão para impactar a fertilidade masculina.

 

Uma alimentação equilibrada, moderação do consumo de álcool e de bebidas cafeinadas, e a cessação tabágica aportam inúmeros benefícios e correspondem aos estilos de vida recomendados pela comunidade médica e científica.

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